Como o mundo realmente é? Será que o vermelho que vejo é o mesmo vermelho que você vê?
Como o mundo realmente é? Será que o vermelho que vejo é o mesmo vermelho que você vê? O mundo como o cachorro vê é diferente do mundo como o vemos? Essa é uma questão presente na teoria do conhecimento que recebeu respostas diferentes. Os céticos, por exemplo, negam que possamos conhecer o mundo como ele é. Locke, por sua vez, tinha um pensamento misto sobre essa questão.
Se você comparar sua experiência sobre coisas como alimentos, clima, velocidade com a experiência de outra pessoa notará o seguinte. Algumas propriedades, como tamanho, forma ou movimento, são constantes, enquanto outras propriedades, como cor, temperatura ou sabor, podem mudar de uma circunstância para outra e são percebidas de forma diferente por pessoas diferentes.
Locke explica essa diferença distinguindo entre dois tipos de propriedades que um objeto pode ter. Propriedades que são objetivas, independentes de nós e que fazem parte da composição do próprio objeto são chamadas de qualidades primárias. As qualidades primárias de um objeto são suas propriedades de solidez, extensão, forma, movimento ou repouso e número. Em outras palavras, são as propriedades que podem ser expressas matematicamente e estudadas cientificamente. As propriedades que são subjetivamente percebidas, que são os efeitos que o objeto tem em nossos órgãos dos sentidos e cujas aparências são diferentes do objeto que as produz, são qualidades secundárias. Qualidades secundárias são propriedades como cor, som, sabor, cheiro e textura.
Voltando à questão sobre como o mundo realmente é, nossa experiência de qualidades primárias nos dá conhecimento da realidade como ela realmente é, mas nossa experiência de qualidades secundárias registra como o mundo objetivo afeta nossos órgãos sensoriais específicos. Assim, achamos fácil concordar com o tamanho, o número, a posição e a forma de um copo de chá gelado, porque essas são suas qualidades objetivas ou primárias. No entanto, podemos discordar se o chá é doce demais. Essa discordância é porque a doçura é uma qualidade secundária que não está realmente presente no chá, mas reflete as maneiras subjetivas como o chá afeta diferentes papilas gustativas. Um resultado da visão de Locke das qualidades secundárias é que ela retira do mundo externo todas as características que os artistas representam e os poetas descrevem. O que nos resta é o mundo que a ciência estuda, um mundo de propriedades materiais quantificáveis.